QUE TRISTEZA O QUE ESTÁ POR ACONTECER COM O NOSSO GRANBERY!
Quando vou a Juiz de Fora costumo visitar o Instituto Granbery e várias vezes posto aqui. Foram ricos momentos vividos naquela "casa", onde estudaram meu pai, eu e meus irmãos, em regime de internato, sempre com bolsas oferecidas pela nossa relação com a Igreja Metodista, tempos em que essa Igreja guardava forte relação com a aérea de educação, atitude essa própria de suas raizes, desde o sua criação pelo Reverendo Dr. João Wesley, na Inglaterra, no século XVIII. Dentre outras, coisas que o tempo levou pra longe.
Meus três filhos também lá estudaram e Mírian lá trabalhou como Psicóloga.
Pois, uma notícia bombástica caiu sobre a cidade de Juiz de Fora e sobre as cabeças das famílias granberyenses. Uma enorme área de sua praça de esportes pode ir a leilão para pagar dívidas da Rede Metodista de Ensino, que engloba diversas instituições de ensino de Minas, Rio, SP, Rio G. do Sul.
Sobre o Instituto Granbery, ele foi fundado por missionários metodistas americanos, em 08 de setembro de 1889, portanto, há 134 anos sendo, ao longo de sua história, uma referência em termos de educação na Zona da Mata e mesmo no Brasil.
Além do Colégio a instituição oferece hoje cursos superiores.
O Granbery tem uma belíssima história. O seu primeiro curso foi o de Teologia, fundado em 1890. Logo passou a oferecer a educação básica com os cursos primário e secundário já no primeiro ano de funcionamento da instituição.
Muitos nomes ilustres da história do nosso Brasil frequentaram as salas de aula do Granbery. Dentre eles o ex-Presidente Itamar Franco.
O esporte sempre foi muito valorizado naquela "Casa", que conta com uma área de 22.000 m², destinada à prática de aulas e competições esportivas. Pesquisas apontam que a primeira partida de futebol realizada no Brasil se deu no campo do Granbery. Isso mesmo que você está lendo.
Em 1904 foram criados mais dois cursos superiores: Farmácia e Odontologia. Em seguida, vieram as faculdades de Direito (1911) e Pedagogia (1928). Os cursos criados atendiam sempre às constantes reivindicações da comunidade.
Nessa manhã de sexta um movimento envolvendo principalmente ex-alunos aconteceu no entorno do Granbery. Lamentei muito não ter podido comparecer. Essa área agora demarcada para ir a leilão judicial tem um processo de tombamento aguardando decisão de órgão competente e a pressão é para que ele seja efetivado de imediato.
Pelas informações, cerca de 2/3 da área de esportes está prestes a ser arrematada.
Um granberyense me mandou fotos do protesto hoje. Identifico pessoas amigas à frente do movimento.
Nessa hora foi cantado o Hino Granberyense, que tanto emociona os seus ex-alunos.
Os vereadores Marlon Siqueira e Maurício Delgado (granberyense), que lá estiveram, irão solicitar uma reunião em caráter de urgência as 10:00 horas na segunda feira, a fim de pedir a Funalfa para votar em favor do tombamento, na audiência pública.
Por zap recebi, de Salvador, o texto que abaixo transcrevo, de uma autoridade de renome internacional na área de preservação patrimonial, de quem tive o prazer de ser diretor adjunto, quando ela ocupou a direção geral do IPAC-Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia, a metodista Dra. Heloisa Helena Costa.
Vi na mídia impressa e falada matérias sobre o risco de "extinção" de grande parte da área de esportes do magnífico Instituto Granbery, renomado por décadas e fiquei entre estarrecida e emocionada. Sou especialista em preservação de cidades, patrimônio, monumentos e instituições seculares, trabalhei no Fórum UNESCO para salvaguarda de bens culturais e educacionais. Também sou membro, há 23 anos, do Instituto Roerich de Cultura e Paz, que busca salvaguardar patrimônios culturais e talentos humanos. Nessas condições, não consigo evitar minha tristeza e então escrevo para despertar a esperança de que tais noticias de apagamento de tão rica história de ensino, educação ampliada e enorme contribuição à sociedade brasileira, possam ser revertidas em prol da história, da memória e do sentido de pertencimento de muitos mineiros e brasileiros que amam o Instituto Granbery e tudo o que ele representa. Minha família não é de Minas, mas meus pais se empenharam para manter meu irmão Flávio Gonçalves como estudante dessa bela e conceituada casa de educação e de cultura durante o antigo curso ginasial. Eu, cinco anos mais nova do que ele, desejava enormemente também ser aluna.
Olhando para o caminho da esperança, o que poderemos fazer para salvar da destruição de tão valoroso patrimônio? Sim, porque o Instituto Granbery não é apenas patrimônio da Igreja e das famílias metodistas das quais faço parte, mas também um patrimônio nacional. Quantos alunos que ali estudaram e se tornaram personalidades dignas, cidadãos responsáveis, empreendedores que contribuíram e continuam apoiando o Brasil para ser um melhor e mais reconhecido país?
E sua arquitetura de estilo marcante de uma época próspera e de um país que se orgulhava do seu desenvolvimento? E seus professores com excelente formação cristã e laica que tão bem souberam cumprir seus papéis de educadores, mestres na arte de investir nos seres humanos entregues a sua responsabilidade? Os conteúdos disciplinares e optativos oferecidos pelo Granbery foram molas propulsoras para outras instituições mais novas para que o observassem e os adotassem nos seus currículos escolares.
E o país do futebol, que teve sua primeiríssima partida nacional jogada nos campos do Granbery?
Muita história, muitas memórias, muitas ações culturais e pedagógicas percorrem a vida institucional do nosso amado Granbery! Quem ousa achar com tanta honradez e grandeza, nesse Brasil do século XXI tão carente de valores profundos e verdadeiros como esses? Vamos unir forças, tombar as áreas pendentes que constam do processo de tombamento do Instituto Granbery que deve continuar seguindo na formação de novas gerações de brasileiros competentes e honrados cidadãos de bem.
Vamos nos unir em benefício do Brasil!
Concordo em gênero, número e grau.
ResponderExcluirJohn Wesley que viu na educação parte importante da missão, deve estar se contorcendo na tumba. - Peri Mesquida - Curitiba-PR
ResponderExcluirDesde pequena ouço falar nesse importante educandário e sobre o privilégio de nele ter podido estudar. Oxalá encontrem uma solução para preservar o nosso Granbery !
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