HOMENAGENS A UMA PROFESSORA, SETE DÉCADAS DEPOIS.
Terça é dia do Projeto Mente Ativa, do GAB. Antes do horário a gente vai pegar algumas participantes em casa. Aquele casal está vindo para o encontro, usando o UBERLISÁRIO. São eles, Josina e Cristóvão.
A roda de conversa gira cada um podendo trazer recordações de seu tempo de escola, com destaque para alguma(o) professora(o) que tenha marcado a sua vida.
Reforcei aquilo que mais se escuta quanto ao pouco valor que se dá hoje a essa categoria, que tanto se doa para seus alunos, sem ter uma remuneração digna e mesmo o respeito que se espera de todos os seus alunos e de suas famílias.
Mariquinha lembra dos tempos difíceis de escola, quando não havia banheiro, merenda, material escolar, uniforme, e a cobrança por parte da professora era grande.
Rosana estudou no Rio e também passou por muitos perrengues, mas reduzidos pela dedicação de um professor de matemática, que muito a ajudou.
Eles dão ânfase para o respeito que alunos e a comunidade escolar tinham para com a professora, atitude que hoje não é unânime.
Todos de pé e com aplausos recebem a mais antiga professora, com vida, de Belisário, D. Luzia Carolina, trazida pelo seu filho José Maria. Ela está hoje com 95 anos.
Uma de suas alunas vai recepcioná-la. Josina, com 83 anos.
Outra aluna, Luzia, de 78 anos.
Ela vai ficar na berlinda, para falar de sua vida como educadora e responder perguntas.
Com cerca de 20 anos a jovem Professora Luzia começou a lecionar aqui em Beli. Fez isso por 8 anos.
Ela e o irmão Luiz foram alunos da Professora Maria Amélia Meireles Calais, que dá nome à nossa Escola, a primeira professora de Belisário.
A situação era absolutamente difícil em sua casa. Família pobre, morando em terreno de terceiros, às vezes, sequer tinham querosene para a lamparina. Era preciso acender bambus para que o fogo pudesse clarear o livro e caderno.
Josina lembra ter levado uma reguada logo na primeira semana de aula, de uma professora nervosa o que a traumatizou.
Na exterma direita Nivaldo, que veio pela primeira vez e ficou de voltar.
Mas, bem melhor do que hoje, o aluno respeitava mais o professor e aceitava o castigo que lhe era imposto, quando aplicado. Os pais respeitavam a figura da professora, que era chamada de "segunda mãe".
Quando chamado no quadro o aluno tinha de mostrar conhecimento da lição na ponta da língua.
José Maria externa o tempo todo o orgulho que tem de sua mãe.
Leontina informa que o seu vestido de noiva foi feito por D. Luzia Carolina, que aprendeu esse ofício com sua mãe.
Ciro destacou a Professora Celsina, aqui no Córrego dos Gomes, onde foi criado. Ela era linha dura. O aluno quando procedia mal deveria beijar os pés da professora.
Uma presença rápida muito enriqueceu o encontro. Zezinho Percínio chegou filmando em seu celular e foi convidado a se pronunciar. Ele trouxe palavras brilhantes, destacando que um país, um estado, uma cidade, um distrito, somente será grande através da educação e que os agentes desta, os professores, são dignos de o máximo respeito.
Aparecidinha deu destaque para a sua professora Alzira Antônia da Silva Lomeu, avó da Aparecida Lomeu, isso na zona rural.
Mirian e eu também demos exemplos de grandes professores que passaram por nossas vidas.
As ex-alunas Josina e Luzia, cerca de 70 anos depois, fazem a entrega de um presente à professora querida. Foi confeccionado pela também Professora Angelina Coelho, que não pode estar presente.
Mirian pede um abraço coletivo para a professora.
É hora do lanche.
A homenageada recebe o primeiro prato de doce de mamão com queijo, ambos doados por D. Josina.
E vamos ao bingo.
Graça completou a primeira linha. Leva 2 bombons.
A segunda foi completada por Beatriz. Também leva 2 bombons. Os prêmios são valiosos.
E Mariquinha preencheu a cartela primeiro. Ganhou um brinde oferecido por D. Josina.
Com uma oração o encontro é encerrado. Pedido a Deus em favor de paz no Oriente Médio e vida longa e saudável para a ilustre professora, que lecionou durante 42 anos no Rio de Janeiro. Ao se aposentar retornou para a sua terrinha, Belisário, que em seu pronunciamanto consideou como o melhor lugar do mundo para se viver.
Rogério Mota soube da pauta do encontro e agora cedo veio me trazer esse documento datado de 5 de fevereiro de 1948, que mostra a forma honrosa com que era tratado um professor.
Trata-se de um ofício assinado pelo Prefeito de Mirai e pelo Secretário de Educação, nomeando seu tio Afonso Arinos da Fonseca como professor substituto numa escola rural na comunidade de Águas Santas. Salário mensal de CR$ 180,00. Não tenho ideia do que significava isso à época.
Ainda sobre o encontro Rosana assim se pronunciou: "Fiquei emocionada com esse encontro de duas alunas com a ex-professora. Vi o amor das alunas por ela, comparando-a como um anjo que a curara de um trauma que ela havia adquirido de uma outra professora raivosa. Como professora me senti homenageada."
Um abração querida d. Luzia. Toda homenagem à senhora ainda é pouco, pelo tanto que tem feito ao povo de Belisário. Como professora, empreendedora, aconselhadora e como amiga de todos.
ResponderExcluirSou sua grande admiradora.
Linda e perfeita homenagem!
ResponderExcluirRiquíssima matéria Cleber. Parabéns por registrar informações tão importantes para história de nosso Belisário.
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