DIA INTERNACIONAL DA PESSOA IDOSA. HÁ O QUE COMEMORAR?
Para os idosos de Belisário a resposta é SIM.
Entrevistei alguns deles hoje, embora muitos tenham ficado de fora, pois me faltou tempo para um melhor trabalho. Fiz praticamente a mesma pergunta para cada um.
"Sr. Nezinho Togi", 92 anos, é uma pessoa de um astral muito alto, sempre brincalhão. Perguntado, falou que "...a minha vida, no início, foi muito difícil, mas agora, depois de velho, estou gozando a vida. Sofri, pois era doente, com dores de úlcera no estômago e trabalhava doente para tratar da minha família. Agora estou velho e estou são".
Se Deus lhe perguntasse quantos anos mais de vida você quer? Ele respondeu que não tem medo de morrer e é Deus é quem sabe, mas se Ele lhe desse mais 100 anos, ficaria feliz. E seu Deus lhe chamar antes disso? - "Aí o problema seria Dele", me respondeu.
O casal Quirino e Josefa são muitos simpáticos. Ele tem a habilidade de preparar remédios a partir de plantas medicinais e hoje está completando 87 anos. Ainda planta mandioca, para o filho Robertinho fazer bolo. D. Joseja tem 80.
A vida de ambos também foi muito difícil, no início. Hoje está muito melhor, depois que se aposentaram, e ele não mais andou sem dinheiro. "Não tem muito, mas o pouco com Deus é muito.". Ele aceitaria a quantidade de anos que Deus achasse por bem dar a eles, mas "se Ele der mais um mucado de tempo pra nós, vamos ficar muito contentes, pois viver é muito bom".
Muito simpática e muito querida por aqui D. Mariquinha tem 79 anos. No início de sua vida tudo era muito difícil. "Não tinha nem carro em Belisário, tudo no cavalo. Doenças eram tratadas aqui mesmo, sem levar em médico. Só o caçula eu precisei levar". Se Deus lhe der, pelo menos, mais uns 20 anos, vai ficar muito bom.
Sr. Cristóvão ia passando pela rua, quando eu estava indo em sua casa. Ele vai completar 85 anos nesse mês. "No início de vida era muito pobre e tudo muito difícil. Graças a Deus hoje está muito bom. Comecei a trabalhar com 7 anos, capinando café, como uma obrigação. Nunca parei de trabalhar. Capinei café o dia inteiro ontem, mas agora é diferente. O que Deus me der a mais para viver está muito bom".
"Minha vida lá trás foi muito difícil mas me considero hoje a mulher mais feliz do mundo", assim falou D. Josina, uma guerreira na produção rural, que completará 83 anos agora, no dia 25. Família criada, tudo muito bem, já tendo vivido muito, pode ser levada a qualquer tempo, mas se deixá-la por aqui mais tempo, com saúde, vai achar muito bom.
A nora Neli não é idosa, mas entrou na matéria por ter me dado esses dois pacotes de doces. Generosidade sobra nessa família. Cocada queimada e mamão com abacaxi. Maravilhosos.
Tinha muita gente querida para entrevistar, mas meu dia estava super agitado.
Na casa de D. Nina, com 94 anos ouvi que ela teve um início de vida muito difícil, morando em casa com chão de terra, na então pequenina Babilônia, que depois virou a cidade de Vieiras.
Seu pai deixou a família quando ela tinha menos de 1 ano, só vindo a conhecê-lo, em Muriaé, quando já estava com 11 anos.
Foi criada por uma tia, que lhe deu até o quarto ano primário. Por pressão de um tio, o pai assumiu o colégio em Caratinga, para que ela pudesse estudar mais, em regime de internato, fazendo o "Curso Normal", pois queria ser professora.
Como queria mais, foi para o Rio, fez o curso de Letras, depois passou a vender revistas na rua, para estudar na FGV-Fundação Getúlio Vargas.
Tendo ficado classificada entre os 10 melhores alunos do Curso de Adminstração da FGV, em seus dois primeiros anos, ganhou uma bolsa de estudos para o Tennessee, Estados Unidos, para concluir o curso.
Com essa conclusão em Administração, passou no concurso do Instituto Rio Branco, no Itamarty, para cargo de Oficial de Chancelaria, atuando em diversas embaixadas brasileiras, em diversos países.
D. Nina veio morar na terra de seu bisavô, Belisário Alves Pereira, fundador do distrito, aqui fazendo grandes transformações.
Como falei, queria ouvir mais gente, mas não foi possível. Como se vê, Belisário é uma ótima opção para pessoas idosas serem felizes.
Realmente, me sinto muito feliz em Belisário. Sinto já não poder mais retribuir as visitas e gentilezas de tantos amigos. Mas, esperando "emplacar" meus 95 anos no próximo dia 08 de janeiro, desejo reunir um grupo de amigos idosos para festejarmos juntos.
ResponderExcluirLinda matéria! Os idosos precisam ser valorizados e respeitados, pois são exemplos de vida!
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