Biólogo estuda macacos bugios no Brigadeiro
Incursão no Parque do Brigadeiro localiza grupo dos primatas, também conhecidos como macacos barbados, e comprova crimes contra a natureza, que - apesar de tudo - continua linda e merece ser visitada.
O ambientalista Zezinho de Belisário foi o guia de uma incursão que nos levou, juntamente com o biólogo Antônio Marcos Pereira ao Parque do Brigadeiro. A ação ocorreu na manhã e tarde do último sábado, dia 14 de agosto, e teve como principal objetivo a localização e observação de grupos dos macacos barbados, também conhecidos como bugios. Os hábitos de vida dos primatas são objetos de pesquisas desenvolvidas pelo biólogo, mestrando da Universidade Federal de Viçosa.
A entrada na floresta se deu pela trilha que leva ao Pico do Itajuru, que tem seu início nas proximidades da fazenda do Bellet. Atingimos a vertente de Ervália e constatamos, para espanto de Zezinho, e preocupação de todos, que uma cachoeira no alto da floresta estava sem água. “Apesar de estarmos no período das secas, nunca vi esta cachoeira assim”, afirmou o experiente guia, demonstrando tristeza. Ele se incumbiu de avisar as autoridades sobre o assunto.
Zezinho indicou um lugar no alto da serra onde a água se acumula no período das águas, irrigando naturalmente a floresta. Ele também mostrou vestígios de fornos, que serviram para fazer carvão que abasteciam a indústria siderúrgica na década de 1970. “Ainda bem que a floresta se recompôs depois de tanta agressão”, afirmou Renato.
O trio encontrou um jirau feito em cima de árvores, às margens do córrego que alimenta a cachoeira na trilha do Itajuru. Zezinho concluiu que o aparato serviu de base para caçadores tocaiar animais. Ele inclusive encontrou a ‘isca’ utilizada pelos infratores para atrair os bichos, espigas secas de milho.
Após muita perambulação e procura, por volta das 15h, foram ouvidos agônicos dos macacos. Eles estavam longe e não puderam ser observados visualmente. Mas o ‘contato’ foi importante, pois indicou a presença deles na região e o lugar específico onde estão. Isto vai direcionar as próximas excursões.
Na volta, encontramo-nos com um adulto e uma criança numa moto, subindo a trilha. Na garupa, a criança levava uma gaiola, provavelmente com um pássaro trinca-ferro, que serve atrair outras aves. Mais uma agressão contra o Parque Estadual Serra do Brigadeiro. “Enquanto os fiscais do Instituto Estadual de Floresta (IEF) e os policiais florestais estão nos escritórios, autorizando cortes e podas irregulares de árvores, muitas pessoas agem contra a natureza”, concluimos,com a concordância de Marcos e Zezinho. Apesar de tudo, o Parque do Brigadeiro continua lindo.
Renato Sigiliano - Jornalista - Texto exclusivo para o blog embelisariomg.blogspot.com
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