UM DIA A CASA CAI
A noite foi muito mal dormida. A ansiedade é sempre acrescida pelos ruidos silênciosos da madrugada. Levantar, andar, esquecer...
Não é fácil esquecer. Ela estava agendada já há várias semanas. Duas e meia da tarde de segunda-feira.
Nunca o percurso de
O saguão do Edifício Prata se apresentava gélido. O mármore branco reforçava um clima mórbido.
O elevador não chega nunca. Subir 7 andares pela escada certamente que não seria uma boa idéia. Não era mais um garoto que estava ali para esse momento tão difícil.
A secretária foi simpática e compreensiva, no apontamento dos dados. Isso me passava certa confiança, embora não tinha certeza se um certo sorriso que às vezes ela deixava escapar era fruto de piedade ou mesmo de escárnio, enquanto fazia a minha ficha. Afinal ela mais do que ninguém sabia o que poderia acontecer por detrás daquela porta cujo acesso ela rigidamente controlava.
Sr. Cléber de Oliveira Paradela pode entrar! Exclamou ela, para que o meu desespero aumentasse. Voltar dali? Desistir? Não. Não dá! Era preciso enfrentar.
A sala me parecia uma ate-sala de UTI. O médico se apresentou simpático me pedindo para assentar. Enquanto fazia as suas anotações olhava tudo. Os equipamentos, os quadros na parede, as cores frias, a sobriedade de tudo... Um quadro de bela mulher podia ser visto sobre a sua mesa. Certamente que era a sua esposa. Um raio cortou o meu peito e eu me lembrei da minha.
O médico sentia a minha ansiedade e assim passou a me tranqüilizar. Passamos a falar de banalidades, dos programas feitos no fim de semana... Uma música suave foi colocada. A agradável voz de Elis Regina encheu o ambiente. “ são dois pra lá, dois pra cá...”
Tudo isso foi me dando certa tranqüilidade que se transformou em relaxamento quando médico e paciente passaram a sorver uma taça de vinho.
O clima estava adequado para que tudo fosse consumado. Não havia mais o que temer. A confiança entre as partes estava sedimentada.
O início do exame parecia terrível. Só parecia. Aos poucos perfeitamente suportável e quem sabe...
Roupas novamente em seus lugares e a notícia. A minha próstata estava perfeitamente normal. Agora é voltar pra casa e voltar pra mesma vida, se possível.
Todo aquele cenário negativo agora se mostrava lindo e colorido, exceto a foto da esposa que agora parecia mais uma perua mocreia.
A despedida do médico foi algo muito expressivo. Quem sabe um retorno na próxima semana, para confirmação dos resultados, levando alguns docinhos da serra para aquele forte homem de branco.
Cleber
ResponderExcluirChorei de rir com sua crônica. Muito legal. Já passei por isso e quase me apaixonei pelo "forte homem de branco",
Luiz Carlos - São Paulo
Eu quase chorei...fiquei com o coração apertado ate chegar o final e entender q nao passava do bom e velho medo de medico que os homens tem... que bom que foi so isso...
ResponderExcluirClebér vc é um escritor NATO, Adorei kkkkk
ResponderExcluirP.s. Você escreve bem pra caramba. Parabéns
éé meu amigo cleber esta estória da p/ escrever um gibi!!!
ResponderExcluirque pena vou ser obrigado a ver o danado do homem de branco,mas vai demorar!!
kkkkkkkkkkk,,,
silvan vital
Atenção: exame preventivo é anal, digo anual, e não semanal!
ResponderExcluirAndré
CORAJOSO VOCÊ MEU AMIGO !!
ResponderExcluirACHO QUE VOU PREFERIR FAZER DEPOIS DOS 90 ANOS , ATÉ LA DEVO ESTA COM MAIS CORAGEM .HAHAHAH
VOCÊ É O CARA ...
ÉDER MOREIRA
colê cabeça,vc tá querendo é fzr antes do natal de 2011,,
ResponderExcluirkkkkk.
estamos brincando + é sério!!
silvan vital,,,,
Aos 82 anos, acho tudo muito natural. Os homens bem que poderiam cuidar melhor da saúde. Inclusive poderiam ser mais cautelosos no se alimentar, no evitar os perigos, como drogas, bebedeiras, noites mal dormidas, abusos nas estradas, etc. Estamos perdendo preciosas vidas, sem terem vivido o melhor que é sempre o dia de hoje. Porque o passado é inexorável e o futuro incógnito. Vivamos o presente com inteligência.
ResponderExcluirA vida é um banquete, dizia o grande filósofo
grego, Platão... Esclareço: banquete, dá direito ainda a bom vinho e sobremesa, É só saborear em todos os sentidos.