INDIOS PURIS: QUEM FORAM? O QUE NOS DEIXARAM?

A convite do Museólogo João Carlos, responsável na FUNDARTE pela preservação da memória da cidade de Muriaé, participei, recentemente, de uma reunião virtual, via Meeting, com um grupo que vem buscando o resgate da presença dos índios puris na atual Serra do Brigadeiro, antiga Serra dos Puris, e a influência destes na formação da população que hoje habita tal região.
Conheci os acadêmicos Willian Bento, de Araponga, e Daniel, de Ervália, revi Luciana, Produtora Cultura do distrito de Boa Família, Gilca Napier e as Arquitetas Márcia Bizzo e Flávia Neves (FUNDARTE) e Vitória Schetttini, que guarda relação com os fundadores de Belisário, sendo da família de D. Nina Campos.  Ela estuda já há tempos a história de S. Paulo do Muriaé, inclusive a história dos índios puris, tendo esses estudos constados de seus trabalhos de Mestrado e Doutorado. Afinal, segundo ela, “estudar tribos não é coisa somente de antropólogo”.
A ideia desse grupo se sustenta na pergunta:  o que se pode fazer juntos para se conhecer e divulgar essa história?
Segundo Willian, foram várias as tentativas de se descobrir a presença dos puris na região, e construir a cartografia desse povo, ou seja, o conjunto de estudos e operações científicas, técnicas e artísticas que orientam os trabalhos de elaboração de cartas geográficas, sendo a FUNAI uma entidade parceira nesse trabalho.
Ainda segundo ele, Muriaé pode ter tido a maior concentração desses índios, tendo sido aqui o vale das plantas medicinais, por eles cultivadas.
Poxa! A nossa região de Belisário ainda guarda a presença, já não tão forte, de benzedores e produtores de remédios naturais, a partir de plantas medicinais. Terá isso origem nos puris? Seria uma cultura deles herdada?
Um Fórum do Patrimônio Cultural  está marcado para acontecer em Muriaé dia 26 de agosto, organizado pela FUNDARTE. Até lá esse tema certamente será ainda mais discutido e será parte integrante da programação.
Não citei acima, mas Esther Moutinho foi nossa convidada para também participar e esteve presente. Ela é belisariense e trabalha na área de saúde da Prefeitura de Fervedouro, mas se envolve em outras áreas, a interesse de seu município. 
Em sua região descobriram uma caverna com escritas que precisam ser estudadas. 
Essa semana ela foi lá com a vice-prefeita e outros técnicos da prefeitura.
Que mistérios guardam os rabiscos nas paredes?
Pois é, o local merece uma visita por parte de estudiosos. Vamos passar a matéria para o grupo.
Muitos que residem aqui em Belisário sabem que têm ou podem ter tido um ancestral puri. A bisavó de Mirian, minha esposa era filha de puris, aqui da Serra e foi a primeira parteira quando da formação de Belisário, segundo Nina Campos. Interessante saber do legado dessa gente como, por exemplo, a dedicação por parte de alguns na produção de remédios a partir de plantas da região e também em relação à prática da "benzeção", possíveis heranças indígenas.
Vamos apresentar dois exemplos: para fechar essa matéria fui nessa manhã de domingo na casa do Sr. "Folosino". Ele é um respeitado "mateiro" daqui, produzindo remédios para problemas diversos como dores, controle de pressão, de glicose e até mesmo faz concorrência com o "azulzinho". Ele jura que bastam 3 gotas e pronto.
A sua avó teria sido puri, "civilizada", isso entre aspas, na região aqui da Varginha, onde hoje mora a família "Debem". Ele herdou de seus tios o gosto pela medicina natural.
Silvan Vital me acompanhou e me deu uma ótima dica para uma segunda entrevista.
Caminhamos poucos metros e chegamos aqui.
Vamos entrar nesta casa.
Sempre topamos com Assis em nossas caminhadas e apenas trocamos cumprimentos. 
Dessa vez pude conhecer uma alma rica de uma figura humana tão simples, de quem ouvi muitos "causos" interessantes.
Ele nasceu debaixo de um pé de mexerica, onde sua mãe trabalhava colhendo milho. O parto foi feito por sua bisavó, quem o criou. Não se lembra de ter conhecido a avó.
A bisa era uma índia que falava e poucos entendiam a sua língua. Com ela morou por muitos anos, na Serra do Brigadeiro. 
Aos dez anos ele recebeu o dom de benzer pessoas e passou a fazer isso. Esta humilde casa recebe constantemente pessoas buscando a suas rezas. Ele as faz sempre em nome de Deus e de N. Senhora, como me afirmou. 
Esse legado dos puris é exercido por outras pessoas aqui na Serra. Levei há algum tempo uma pessoa amiga, para benzer a sua filha, que estava com "amarelão". Ele garante que a criança foi curada. 
Essa mesma pessoa vinha lutando com constantes deslocamentos de braço da menina. O médico teria dito que isso permaneceria assim até que ela completasse uma determinada idade.  
Ele a trouxe aqui para ser benzida por Assis e o braço ficou bom, o que me garante ele.
Tudo isso merece estudos e estamos abertos para apoiar pesquisadores. Silvan Vital conhece muito mais do assunto que eu. 








Comentários

  1. Temos na área do parque municipal no entorno do Itajuru, 2 grutas uma dela e magnífica ela passa pela trilha principal do itajuru,estou a disposição de pesquisadores ,historiadores,com autorização!
    Silvan Vital

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  2. Manoel de Oliveira, tio-avô do Chico Oliveira e do José Oliveira nossos vizinhos, era meu avô materno, pai da Luzia Carolina minha mãe. Era descendente dos Puris. Tanto que a família da minha avó Carolina a expulsou de casa quando ela resolveu casar-se com o Manoel de Oliveira. Não preciso dizer que eram contra o casamento não é?
    O casal formou uma família sólida. Tiveram dez filhos .
    Manoel sofreu um acidente no trabalho que lhe custou um ferimento grande no ombro. Uma infecção generalizada o matou. Deixou nove filhos e a Dona Carolina grávida de seis meses. Minha mãe nasceu já na ausência de seu pai.
    Infelizmente os registros de fatos e fotos daquela época são precários.
    Tudo que sabemos são por meio de relatos dos parentes..

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  3. É sempre válido o resgate da história e cultura de um povo. Parabéns aos envolvidos!

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