Fizemos com Mirian, nessa segunda, uma visita ao Memorial Municipal de Muriaé e o Arquivo
Histórico da cidade, importante espaço assim mantido pela FUNDARTE, que conta a história de formação e Desenvolvimento da cidade que começou assim:
Em 1817, Constantino José Pinto, com outros 40
homens, comercializando ervas e produtos medicinais, desceu pelo Rio Pomba e
atingiu o atual Rio Muriaé, onde aportou construindo seu abarracamento junto a
uma cachoeira, local hoje conhecido como Largo do Rosário. Ali, foi fundado um
aldeamento dos índios, com demarcação das terras destinadas ao plantio para o
sustento dos silvícolas. Nascia "São Paulo do Manoel Burgo".
O restante da história você pode ver e ouvir, na
companhia de um guia, entrando por essa porta.
Vá vendo as fotos de Mirian e o comentário final feito por uma especialista em preservação histórica.
"Inicialmente habitada pelos índios puris, a região
do município de Muriaé teve sua colonização de origem europeia iniciada pelo
comércio de brancos com os indígenas”.
Nas últimas décadas do século XIX, Muriaé já era
grande produtor de café, condição que manteve até meados do século XX. A
monocultura cafeeira foi a primeira grande responsável pelo desenvolvimento
econômico do município. O progresso da nova localidade foi constante,
principalmente a partir de 1886, data da inauguração da Estação da Estrada de
Ferro Leopoldina que ligaria, diariamente, Muriaé à Capital da República (Rio
de Janeiro). Os coronéis, proprietários das grandes fazendas produtoras,
representavam não só a elite econômica da região, como também sua expressão política,
com forte influência em Minas Gerais e no país.
Maquete do Grande Hotel Muriaé:
A edificação do Grande Hotel Muriahe, datada de
1904 e tombada em julho de 1997, sofreu um incêndio em 1998. As obras de
restauro e revitalização foram concluídas e o edifício encontra-se em
funcionamento desde maio de 2009. Na edificação funciona o Centro Cultural e
Turístico Dr. Pio Soares Canêdo, a Escola Municipal de Artes Visuais Moacyr
Fenelon, e a Escola Municipal de Audiovisual Carlos Scalla. Ainda, abriga uma
cinemateca e a galeria de artes Mônica Botelho.
Galeria dos prefeitos.
Os mais recentes.
O povoado conviveu muito tempo com a escravidão pois foi criado em 1817 e a abolição se deu apenas em 1888.
Palmatória usada pelas professoras. Isso ainda foi comum no século 20.
Cadeira de dentista.
Aqui os arquivos com documentos históricos para pesquisas.
Cléber, amigo querido, fiquei encantada em conhecer,
mesmo que virtualmente, o Memorial Municipal de Muriaé! Está de
parabéns a FUNDARTE, pois são raras as cidades que têm cuidado para com a sua
herança histórica e cultural. Como eu trabalho muito com projetos sobre a memória,
cada vez mais a vejo como a cola que liga a nossa vida. O Neurocientista Dr.
Erick Kandell, autor do livro Em Busca
da Memória, mostra que precisamos dela para nos mantermos vivos, sendo a
memória uma ferramenta de construção do futuro. Quem não tem memória fica
vagando sem ter para onde ir.
Fiquei muito encantada com as peças do acervo, vendo
ali material raro e de muito significado, que não vejo, por exemplo, nem mesmo
no Instituto Geográfico e Histórico da
Bahia. Os utensílios de cerâmica, máquinas e equipamentos antigos... Que
saudade do meu pai quando vi o mata borrão!
Que bom rever o instrumento da banda de música. Como
era bom ver a banda passar cantando coisas
de amor. Já a cadeira do dentista eu não gostei, pois resgatei na memória,
momentos de sofrimento no passado, na cadeira do Dr. Antônio, em Sapucaia-MG
que arrancava nossos dentes quase que sem anestesia. Hoje os tratamentos odontológicos
são bem menos doloridos.
Gostei imensamente de ver os moedores de café, os
serrotes antigos e tantas outras coisas bonitas.
Assim como aconteceu comigo, muitas outras pessoas
que visitarem esse espaço vão se lembrar muito da infância e essas boas memórias
da infância nos fazem muito bem, dão força à nossa alma, rememorando coisas lindas
e sentimentos ternos.
O filósofo, George Steiner, falecido em
2020, dizia que a melhor lembrança que temos não são as lembranças de toda a
nossa vida, mas sim aquele respaldo que vem para a gente através da infância.
Essas são memórias verdadeiras que nos fazem renascer para a projeção de um
futuro melhor.
Na nossa próxima a ida a Belisário queremos ver
tudo isso ao vivo lá em Muriaé. Dê um grande abraço em Gilca e na sua equipe.
Helô Costa
Salvador-Bahia
* Observação minha:
Dra Heloisa Costa é Historiadora e Museóloga,
Doutora (PhD = Philosophy Doctor) em Ciências Sociais pela Universidade de
Quebec, Professora titular aposentada da UFBA, professora de pós graduação da
Universidade Federal de Santa Maria RS, Ex Diretora do IPAC, projetista do Museu
Geológico da Bahia, do Museu do Mar em Salvador, da Casa da Ciência do SESI,
Coordenadora de Projetos Culturais de arte, educação e patrimônio.
Tive o privilégio de ser seu adjunto à frente do
IPAC-Inst. do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia.
Que bela matéria, Cleber e Míriam! Obrigado pela visita e palavras de incentivo. Na próxima espero ter a honra de estar presente para o bate papo sempre bem humorado e a troca de conhecimento. Abraços.
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