VOU LHE APRESENTAR UMA PESSOA MUITO INTERESSANTE

 

Quer dizer, ele é por demais conhecido por aqui, em parte do mundo acadêmico e entre ambientalistas.
Na nossa caminhada essa semana, quando mostramos a mudança imediata  que as chuvas fazem na natureza, passamos em sua casa.
Lá vem ele com uma galinha na mão, retirando, com todo carinho, uma invasora de sua plantação de morangos.
Estou falando de Guilherme Campos Valvasori, que nasceu em Jaú-SP, graduou-se em Comunicação Social, concluindo o curso com forte vontade de trabalhar com Meio Ambiente, mas faltava-lhe experiência nessa área. Na busca disso, veio para Belisário como voluntário na OSCIP Iracambi e depois passou a trabalhar lá como intérprete de inglês-português-inglês, para professores e alunos que vinham do exterior.
Com isso não quis voltar para tentar o mestrado em SP. Resolveu ficar por aqui, um lugar ideal para quem quer conhecer e trabalhar com Meio Ambiente.
Ministrou aulas na Escola Estadual, se envolveu muito com a comunidade belisariense, sempre participando de lutas de caráter ecológico.
Fez o seu mestrado na Universidade Estadual do Norte Fluminense, voltado para Ecologia, tendo a sua área de estudo a nossa região e o seu trabalho consistiu em fazer um diagnóstico mais completo possível, com classificação de imagens de satélite, coletas e análises de água, coleta de sedimento dos rios e entrevistas com 100 agricultores, antes da chegada da mineração, catalogando tudo, seja no conteúdo social como ambiental. Através de filmagens de satélite mapeou todas as áreas de mata, de lavoura, análise das águas. Tudo que pudesse garantir uma visão do antes, caso ela viesse.
Ele não pode parar, pois tem hora para colher os morangos, para levar para a venda. Foi fazendo a colheita enquanto conversava comigo, passando essas informações.
Colheita essa que está no fim. Chuvas fortes não combinam com a plantação de morangos.
Guilherme acredita que esse seu trabalho foi muito importante, ajudando a afastar até aqui a ameaça da mineração, somando-se às outras lutas já existentes. Isso facilitou também a obtenção do título de Patrimônio Hídrico para a região.
Sempre admirei a sua forma de discutir esse problema, nas diversas reuniões da qual participei. Ele usa de argumentos técnicos e muita elegância, como convém a um debatedor.

São dez anos de experiência nessa atividade e com tristeza a gente soube que está chegando no seu fim. Guilherme está inscrito no processo de seleção para fazer o seu doutorado na UICAMP, aguardando a seleção, que se dará através de defesa do seu projeto de pesquisa, entrevista, provas de inglês... Com isso deve deixar a nossa região.
Ele está prestes a publicar um livro sobre essa sua passagem por aqui. Na verdade, ele já lançou uma cartilha voltada para os agricultores, despertando-os que que valorizem a riqueza natural do  patrimônio  que possuem.
Vamos perder a presença física de uma grande pessoa e o nosso fornecedor de morangos e geleias orgânicas.

Sobre o seu novo livro, os produtores rurais e ambientalistas Pavão e Marly o prefaciaram e do que falaram eu retirei o seguinte comentário:
"Essa pequena contribuição (que vocês leem agora) é fruto de 10 anos de trabalho, que o Guilherme resume com muita eficiência, usando uma linguagem fácil para nós agricultores e também para os técnicos que percebem toda a sabedoria em suas palavras. Eu (Pavão), Marly, Guilherme, Luisa, Dandhara, Dona Oriza, as galinhas e as vacas esperamos que vocês gostem.
Não há o que dizer. Há muito que fazer. É isso aí. Aproveitem e interem com as suas práticas. Se acreditam, insistam. Sejam teimosos e observadores. Trabalhamos para uma agricultura sem segredos."




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