35 ANOS SEM TANCREDO

Nesse 21 de abril, Dia de Tiradentes, Minas recorda com saudade doida o domingo 21 de abril de 1985, quando o jornalista Brito, porta voz da Presidência de República entrou no ar para anunciar: “Lamento informar que o Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Tancredo de Almeida Neves, faleceu esta noite no Instituto do Coração, às 10 horas e 23 minutos ...”. Eu me atirei em prantos na cama. Como todos os brasileiros esperava por um milagre. Queríamos ver a posse de Tancredo como presidente, mesmo que pelo voto indireto, depois de 21 anos de um regime de exceção.
Em tempos de uma crise na saúde, que assusta a todos ainda fomos levados a assistir nesse domingo movimentos retrógrados feitos por uma minoria de “aloprados” (esse termo foi criado por Lula no passado, para se referir a petistas radicais) fazendo chamamento do povo contra a democracia. Vivi a ditadura e posso garantir que ela trouxe avanços sim no desenvolvimento econômico brasileiro, mas o caminho do desenvolvimento deve e pode ser perfeitamente feito vias democráticas. A história mostra claramente isso.
Sobre Tancredo vamos lembrar um pouco desse mineiro de quem muito me orgulho, utilizando informações do wikipedia. Ele foi o único membro do PSD que não votou, em 11 de abril de 1964, no general Humberto de Alencar Castelo Branco, na eleição à Presidência da República pelo Congresso Nacional. Pela sua habilidade e moderação, atributos indispensáveis a um líder, não teve seus direitos políticos cassados durante o Regime Militar, devido ao seu prestígio junto aos militares, mesmo tendo sido amigo e primeiro-ministro de João Goulart.
Tancredo foi um opositor moderado do Regime Militar de 1964 logo procurou abrigo no MDB sendo reeleito deputado federal.
Em 1983 começaram as articulações para a candidatura de Tancredo à presidência da república, pelo voto indireto, marcada para 15 de janeiro de 1985. Mas os democratas queriam mesmo era as “Diretas Já” e vários comícios foram realizados entre janeiro e abril de 1984.
Com muita emoção viajamos Mírian e eu para participarmos do comício em BH, defronte à rodoviária, em 24 de fevereiro de 84, na praça da estação, em Juiz de Fora, sob a liderança de Itamar Franco e Tarcísio Delgado e também na Candelária, em 10 de abril.
Ainda no site do wikipedia a gente relembra que em abril de 1984, Tancredo Neves se reuniu no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, com mais de 1 milhão e quinhentos mil pessoas em apoio ao movimento Diretas Já, quando disse: "Chegou a hora de libertarmos esta pátria desta confusão que se instalou no país há 20 anos"
A emenda constitucional Dante de Oliveira, foi rejeitada em 25 de abril de 1984. Que frustração!
Mas os democratas não desistiram e assim Tancredo foi lançado candidato, mesmo pela via indireta, pois pela sua habilidade era aceito por grande parte dos militares e tido como moderado. Na contramão da história o PT se colocou contra a sua eleição por não aceitar o Colégio Eleitoral. Como também errou quando recusou participar da homologação coletiva da Constituição de 1988.
Mesmo a eleição sendo indireta, Tancredo fez diversos comícios populares em praça pública. Tancredo disse, em um de seus discursos durante a campanha eleitoral, na cidade de Vitória, em novembro de 1984:
Restaurar a democracia é restaurar a República. É edificar a Nova República, missão que estou recebendo do povo e se transformará em realidade pela força não apenas de um político, mas de todos os cidadãos brasileiros!”
Tancredo vinha sofrendo de fortes dores abdominais durante os dias que antecederam a posse. Aconselhado por médicos a procurar tratamento, teria dito: “Façam de mim o que quiserem - depois da posse!”. Ele temia que os militares da chamada "linha-dura" se recusassem a passar o poder ao vice-presidente José Sarney. Decidiu só anunciar a doença no dia da posse, 15 de março, quando já estivessem em Brasília os chefes de Estado esperados para a cerimônia, com o que ficaria mais difícil uma ruptura política. A sua grande preocupação com a garantia da posse era respaldada pela frase que ouvira de Getúlio Vargas a esse respeito: “No Brasil, não basta vencer a eleição, é preciso ganhar a posse!
Adoeceu com fortes dores abdominais durante uma cerimônia religiosa no Santuário Dom Bosco, em Brasília, na véspera da posse em 14 de março de 1985. Foi, às pressas, internado no Hospital de Base do Distrito Federal. Tancredo disse a seu primo Francisco Dornelles, indicado à época para assumir o Ministério da Fazenda, que não se submeteria à operação caso não tivesse a garantia de que Figueiredo empossaria Sarney. Dornelles garantiu ao primo que Sarney seria empossado. As articulações para a posse de Sarney, de acordo com informações compiladas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), já estavam, naquele momento, sob a condução do então presidente da Câmara Ulysses Guimarães (PMDB-SP) e do ex-ministro-chefe da Casa Civil Leitão de Abreu.
Não temos o direito de anular tantos esforços feitos ao longo da história para gozarmos liberdade que temos hoje. O voto ainda é o melhor caminho para aprimorarmos a nossa classe política. Não existe outro.



Comentários

  1. Que bacana! Cheguei a esse simpático blog porque a família do meu primo tem uma fazenda em Belisário. Querendo saber mais a respeito, encontrei essa página. E lembrei de Tancredo, das diretas Já! e etc. Um dia passarei por essa região, porque Minas é show de bola! Britto, de São Paulo.

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  2. Citei o blog em http://brittadeira.blogspot.com/2020/04/35-anos.html Britto, de São Paulo

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