UM ADEUS AO ZEZÉ

De vez em quando a gente é surpreendido com notícias tristes, falando da partida de pessoas queridas. Quanto mais velhos vamos ficando, mais isso aumento. Sábado cedinho nos chegou a informação de que José Dianin, o Zezé, havia partido. Melhor assim, já que ele vinha lutando contra o câncer. Um descanso merecido.
Fomos no enterro, no Parque da Saudade, em JF.
São momentos tristes, mas que nos dão oportunidade de nos encontrarmos com pessoas queridas, que fazem parte da nossa trajetória de vida.
O Professor José Ventura é muitíssimo especial para nós. Ele era o Secretário Geral da UFJF quando fiz Engenharia. E também exerceu esse cargo no CES, onde Mirian fez Psicologia. Ele assim entregou  a diploma de conclusão de curso para mim e para ela.
Ventura é o Presidente do Conselho de Curadores o órgão maior da Santa Casa de Misericórdia, que entrou para o cenário nacional, depois do brilhante atendimento médico ao candidato Bolsonaro, após covardemente esfaqueado aqui em JF.
Ele presidia a reunião do Conselho quando dois médicos da Santa Casa pediram um espaço para relatar da aventura pela qual passaram, ao verem o helicóptero trazendo de Carangola órgãos para transplante, para serem implantados em JF, e tiveram de descer em Belisário, por falta de combustível. Lá receberam todo o apoio da comunidade. Vela lá:
https://embelisariomg.blogspot.com/2014/05/belisario-na-rota-de-uma-missao.html

https://embelisariomg.blogspot.com/2014/05/uma-noite-marcante-em-jf.html
Anna Gilda é amiga/irmã. A nossa amizade começou na Igreja Metodista no Bairro Santa Luzia, no pastorado de meu pai. Ela também foi colega de Mirian no Granbery, onde integravam a Área de Valorização Humana.  Anna é uma combativa advogada, especialista em Direito Educacional. É gente do coração, assim como o filho Marquinhos esposa.
Momentos de alegria num quadro de tristeza.
Arthur, também irmão de Zezé, da mesma forma um brilhante advogado e muitíssimo querido nosso. Temos uma longa caminhada juntos. Maria, ao seu lado, a esposa.
Agora vou destacar o da esquerda, o teólogo e professor Moisés Coppe. Com ele também caminhamos juntos na Igreja Metodista, onde ele foi pastor.
Moisés fez uma belíssima reflexão na cerimônia fúnebre, com base em parte da Oração Sacerdotal de Jesus, no texto de João 14:1,2. "Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar."Moisés deu destaque ao perfil de Zezé, extremamente duro, extremamente doce. Ora impulsivo, ora controlado. Sempre um irreverente gozador e muito atencioso, até próximo de sua morte.
Lembrou ele que  Jesus fala em "moradas". Não uma única morada padrão. Cada pessoa, com o seu perfil, tem um lugar junto do pai. Deus valoriza as nossas diferenças. Uma única casa, mas com muitas moradas. Legal isso.
À tardinha vamos voltar a nos encontrar com a amiga Anna Gilda, que prestou essa homenagem ao irmão.
Hoje é um dia de muita tristeza aqui e alegria no Céu.
Meu irmão mais velho retornou ao pai. Às 16h, no Parque da Saudade, levaremos a ele nosso último adeus.
Com o coração apertado, os olhos molhados, lembro neste momento, que minha avó Gilda sempre dizia que para se conhecer uma pessoa, é preciso comer junto um saco de sal. Ou seja, é preciso conviver uma vida inteira.  E às vezes, ainda assim, não conhecemos.
Meu Zé Véio quebrou o antigo ditado. Um nadica de nada de convivência já possibilitava descortinar aquele grande e doce coração, que lutou bravamente para não parar de bater.
Aliás, coração é apenas um modo de identificar esse músculo do corpo humano, porque o do Zé Véio parecia mais uma maçã do amor, daquelas vermelhas, suculentas, com aquele mel escorrendo.
O coração da gente comum bombeia sangue, o do meu mano querido, bombeou mel.
E os que experimentaram o seu sabor e pureza, podem testemunhar sua qualidade e doçura.
Bravo feito um pitbull, desbocado como a mãe do sarampo, extremista como os polos norte e sul, meu Zé Véio foi embora.  Deu linha.
Ficamos órfãos.  Agonizando entre a saudade já tão devastadora e a fé/ esperança da vida eterna.
Zé Véio deixou de herança aos filhos, netos e demais afetos, verdadeiros exemplos de pura e extremada paixão.  Amor amado in natura.
Rico manancial de casos e histórias que certamente renderão muitas gargalhadas saborosas ao redor de um fogo, queimando uma carne.
A nós, que ficamos, nos cabe cuidar dessa singular memória deixada por esse ser humano de primeira grandeza.
Hoje Zezé, você vai e leva sob custódia um bom pedaço de mim.
Cuide dele aí onde você já chegou.
Quando nos encontramos novamente, estaremos todos restaurados e então poderemos cantar e bailar, livres, enfim, de toda dor e sofrimento.
Que Deus o receba na sua Glória, que nos conforte a todos e nos dê forças para prosseguirmos sem você aqui.
De sua mana.
Gilda.

Comentários

  1. Triste essa partida! A família Dianim é muito querida. Que o Espírito Consolador de Deus os conforte.

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  2. Cleber/Miriam e demais amigos da família Sigiliano/ Paradela
    Quando Deus vai chamando nossos queridos, ao mesmo tempo Ele vai abrindo vagas em nossos corações para que outros irmãos como vocês venham se aconchegando cada vez mais aos nossos corações.
    E assim vamos mutuamente nos consolando e desenhando novas famílias feitas do mais genuíno afeto e mais forte solidariedade.
    Obrigada por vocês fazerem parte de minha vida.

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  3. Caríssimos Amigos Miriam e Cleber:
    Apesar da tristeza do momento, o velório do nosso querido ZEZÉ DIANIM, foi um alegria encontrá-los.
    Partiu o nosso Zezé para a vida eterna. Aqui na terra, viveu intensamente. Sempre alegre e espirituoso. Guardaremos a melhores recordações dele. Que receba, na eternidade, a recompensa pelo bem que aqui fez.
    Obrigado pelo envio de seu BLOG e pelas referências elogiosas a mim feitas.
    Belisário está de parabéns. Para saber a sua história, basta acessar o seu BLOG. Está repleto de excelentes fotografias e ótimas nativas. Você é um exímio jornalista.
    Quanto ao episódio do helicóptero, já o conhecia pela narrativa dos médicos da Santa Casa, que ficaram encantados com o acolhimento recebido. Quanto o encontrei e Você me descreveu o acontecido pude entender a admiração e o reconhecimento dos médicos.
    Miriam e Você são pessoas maravilhosas. Se os seres humanos fossem iguais a Vocês o mundo seria muito melhor.
    Sinto-me orgulhoso de tê-los conhecidos e poder incluí-los como meus AMIGOS.
    Abaixo encontra-se meu endereço e contatos. Quando vier a Juiz de Fora, apareçam para tomarmos um café.
    Um forte abraço de um amigo e admirador.
    José Ventura

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