NÓS MULHERES

Como todo mundo já viu, participei de uma corrida hoje, minha primeira - de muitas.
Foi uma corrida só de mulheres. Um mar cor de rosa, de todo tipo físico, idade, condição social, cor de pele, éramos muitas, com objetivos variados, mas acredito que, em comum, todas buscando saúde. E é de mulheres que pensei enquanto corria.
Era um clima de união, incentivo, sorrisos, conversas, brincadeiras, antes, durante e depois da prova. Amigas que atrasavam o passo para acompanhar grupinhos, ou que paravam para gritar e torcer e até tirar foto de alguma amiga mais treinada que passava já voltando do outro lado da avenida. Todas aplaudindo as atletas de elite, incentivando as iniciantes a não parar. Vi uma mãe empurrando sua filha no carrinho.

Aí fiquei pensando... Por que as mulheres são tão duras consigo mesmas no julgamento? Por que temos orgulho de dizer que "preferimos amigos homens", "não suportamos mulheres". Por que ajudamos a denegrir nossa imagem de sermos pouco confiáveis, de não termos amizades sinceras? 

Quanta bobagem....

Somos solidárias, somos parceiras, somos sinceras, mas usamos as palavras adequadas para falar a verdade e assim doer menos. Batemos e assopramos. Temos tato, temos afeto, temos coragem, resolvemos problemas, somos civilizadas. Cedemos, acolhemos, agregamos.
Gosto da simplicidade masculina, do humor masculino, amo os amigos do Tiago, os maridos de amigas e os meus tenho na mais alta estima. Mas são minhas amigas, minha mãe, minha filha, que compram meus problemas, minhas "tretas", me dão carinho, incentivam, riem comigo e dão a mão. E meu marido, pai e irmãos, claro, que neste caso não conta.
Hoje vi as mulheres brilhando. E, apesar de não costumar ter orgulho de algo que não tenho mérito (ser mulher, ser branca, ser mineira, ser heterossexual e tudo mais que simplesmente faz parte do meu pacote sem que eu tivesse optado por isso), eu senti orgulho de fazer parte deste grupo. 

Somos muito boas.

Bianca Paradela

Correspondente 6030 do EMBELISARIO em São Paulo