HÁ ESPERANÇA! AS CRIANÇAS BRINCAM

O escritor, jornalista, político ... Arthur da Távola sentiu-se reanimado na esperança, após “topar, de súbito” com um grupo de crianças cantando. Daí escreveu a crônica AINDA EXISTEM CRIANÇAS CANTANDO.
“Vão ficando raros os exemplos de grupos de crianças voltados para a execução de tarefas comuns que demandem solidariedade, participação conjunta, alegria dividida. Há quanto tempo não se encontra crianças dividindo entre simples brincadeiras? Estão distantes umas das outras, sem poder ser crianças, porque há um sem número de estímulos a sua espera: do consumismo precoce ao controle remoto, do videogame ao computador.
Toda a sociedade vai ficando compartimentada. A moradia é compartimentada. As amizades são compartimentos fechados. Tudo é dividido, selecionado, racionalizado, isolado, cada vez mais proibido, vedado, hermético, estudado, videoteipado, inviolável, situado, inoxidável... Cada pessoa é uma entidade que vive no compartimento da sua possibilidade, hostil à colmeia ou pelo menos com medo dela. Nem mais no apartamento (o que aparta) mas no “apertamento”... A crônica prossegue.
Estou escrevendo isso enquanto ouço gritos alegres em frente à minha casa. Aqui a garotada brinca, de dia e de noite, como não é mais permitido àquelas que moram nas cidades de porte médio e grande.
Uma parada apenas para a foto.
 A luz do poste é reforçada pela claridade da bela lua cheia. A propósito, criança ainda vê lua na cidade ?
As controvérsias de interpretação das regras da "queimada" são  resolvidas entre elas. Geralmente quem grita mais tem razão. Mas pai e mãe não entram nisso. Elas resolvem sozinhas.
Não se percebe qualquer maldade, por parte dos meninos, que se misturam com as meninas.
Não há aquela paranoia de sequestro, abuso sexual, responsabilidade civil ou criminal se algo acontecer com o filho do outro, próprio dos carcomidos grandes centros.
Viva a vida simples de um distrito rural ! Venha e viva!

Comentários


  1. Aos 84 anos, Cléber, você me fez voltar a ser criança. De repente me vi na rua, brincando de "chicotinho queimado"ou pique, na claridade da lua, única e abençoada luz que, na falta da energia elétrica de hoje era muito mais apreciada. E, indo para casa sob as ordens do meu irmão dois anos mais velho e muito mandão, porque dizia que eu estava muito saliente na roda, gritando mais alto que as outras crianças e pulando muito. Ciumada pura. O encrenqueiro chegava até a convencer mamãe a me dar uma "coça". Aí, vinha o tio Nezinho, falando baixo e convencendo mamãe a não me castigar. Daí, a gente lavava os pés numa meia bacia d´água morna, tomava uma canequinha de café com leite com broa e ia dormir. No dia seguinte, estávamos de novo, ora brincando ora brigando, eu e meu irmão, dentro de casa ou no quintal. Sair para a rua, só de noitinha, um pouquinho. Escola não havia nem na Babilônia (hoje Vieiras) nem em Macaquinhos (Dom Lara, dist. de
    Caratinga). As recordações são muitas e a gente gosta de contá-las. Todos os tempos da vida são bons, mas, os de criança parecem os melhores...

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