EMVIEIRAS

UM RETORNO AO PASSADO - NINA CAMPOS


Na sexta-feira última, satisfiz um antigo desejo. Fui a Vieiras, para ver se relembrava a "Babilônia" do meu tempo de criança, do início da década de 1930. Embora tenha saído de lá com apenas sete anos, confesso que a hoje próspera cidade de Vieiras me diz muito. Visitei várias ruas, subi o morro da igreja, respirei aquele ar gostoso querendo fotografar tudo, como que desde aqueles outros tempos.
O novo nome de Vieiras nasceu junto com a cidade, em 1953, em homenagem ao desbravador da região, o Tenente Lucas Antunes Vieira, muito justo. Porém, acho que a menina de sete anos que ainda preservo dentro de mim não me deixa esquecer também a Babilônia, mesmo com as suas ruinhas barrentas, a igrejinha tosca, as vendinhas só de riscado, brim "ranca-toco", para os homens, chitinha para as mulheres e flanelas para as crianças. Ah, as crianças ! Morria muita criancinha. Não havia água tratada, nem farmácia, nem banheiro, a gente se servia da casinha em cima do córrego (clique na foto abaixo).

Depois do córrego estava a casa do Sr. Monteiro, o chefe político do lugar. O nome inteiro dele parecia um verso de poesia: Oscar Octávio Monteiro de Castro, hoje perpetuado na placa da rua em que tinha o seu sobrado, o único sobrado do lugar.(foto)

Estava viúvo, a mulher morreu de parto. Meu tio se casou com a filha dele, Albertina, nome em homenagem ao Rei da Bélgica que tinha visitado o Brasil. O filho dele, Ruy, era muito parecido com ele.

A minha tia Albertina teve a primeira filha, Mª dos Anjos; nasceu morta. Depois veio o José, que se tornou médico e tem três filhos médicos também. Acho que a vocação veio de tanto ouvir falar na tragédia que era antes, na vida da gente nesse Brasil do interior.

Tenho muito para contar daquele tempo. Tinha o vizinho Plínio, comerciante também; tinha as crendices... uma era de que, se uma criancinha ao ser batizada tivesse como madrinha uma virgem, de até sete anos de idade, a sua vida seria preservada. Que nada!

Eu fui madrinha de algumas e sinto até hoje aquela sensação penosa de tirar o seu corpinho morto, frio e rígido, da mesa de velório para o caixãozinho de madeira forrada de morim branco ou azul, que chegava do carapina.

Ao fotografar agora o Centro de Saúde, o final de construção da Farmácia de Minas e tantas casas bonitas e benfeitorias que vêm de muitos prefeitos com certeza, já senti saudades antecipadas...

QUERO REGRESSAR A VIEIRAS, A LINDA BABILÔNIA DE HOJE TERMINA AQUI






Preparativos para a festa com Sérgio Reis



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